quinta-feira, 25 de abril de 2013

O aparelhamento da TV Cultura, a disputa interna do PSDB e o oportunismo político

Li nesta semana na Folha de S.Paulo que o Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura, formulou recentemente um documento para, segundo diz, evitar a "interferência por parte de governos que tenham menor compreensão do papel que a fundação exerce na sociedade brasileira" (leia a matéria).
 
É no mínimo intrigante este documento. A TV Cultura nunca foi tão aparelhada como no governo Serra-Alckmin. Será que os tucanos já sabem que perderão a próxima eleição?

Exemplos desse aparelhamento não são raros. Basta lembrar a demissão do jornalista Heródoto Barbeiro do cargo de apresentador do programa Roda Viva, no ano eleitoral de 2010. A demissão ocorreu após Heródoto ter feito uma pergunta incômoda a José Serra, sobre pedágios.
Veja aqui o vídeo da pergunta.

E poucos dias depois houve a demissão do então recém-nomeado diretor de jornalismo da TV, Gabriel Priolli, que havia pautado uma reportagem também sobre os pedágios.

Além disso, a própria Folha noticiou neste mês que a minha ida ao Roda Viva após a eleição da presidenta Dilma Rousseff, em 2010, causou insatisfação no PSDB com o atual presidente da fundação, João Sayad (
confira a matéria).
 
Ingerências históricas
 

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Lalo Leal Filho
 Laurindo Lalo Leal Filho, sociólogo, jornalista, professor de Jornalismo da   ECA-USP e colunista deste blog, faz uma análise muito interessante deste  documento noticiado pela Folha nesta semana. Para ele, “é curioso que só agora, às vésperas da escolha dos nomes para a diretoria e para a presidência do Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta, este venha a público manifestar preocupação com as ingerências governamentais. Elas são históricas”.

Até agora, só há um candidato, escolhido pelo governador Geraldo Alckmin: Marcos Mendonça, que já presidiu a fundação, entre 2004 e 2007.

“Acredito que, mais uma vez, tudo não passe de uma disputa interna entre as facções do PSDB interessadas em controlar a Fundação. O único candidato que se apresentou até agora para a presidência executiva é homem de confiança do governador Alckmin, já tendo dirigido a Fundação em outra oportunidade através da mesma indicação, com péssimos resultados para as emissoras públicas”, acrescenta o professor.

“Como a luta pelo controle do PSDB paulista está acirrada, a disputa pela Fundação Padre Anchieta fica por ela contaminada. Para dar conta de sua responsabilidade como órgão máximo de controle da Fundação, o conselho, antes de mais nada, deveria se tornar público.”

Leal Filho cobra mais transparência da TV Cultura: “A população de São Paulo, que banca a instituição, tem o direito de saber quem são esses conselheiros, como são escolhidos, que interesses representam e – acima de tudo – saber como acioná-los para apresentar suas reivindicações e demandas. Fora isso, restam o oportunismo político e o aparelhamento partidário do mais importante meio público de comunicação do Estado de São Paulo".

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