Vazio e melancólico, segundo pessoas presentes, são as únicas palavras para descrever o Seminário sobre Eleições Municipais que a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), promoveu no auditório do Tribunal Superior Eleitoral, nesta quarta-feira (21/03) para marcar o 9º aniversário de sua criação, em 2003.
Os organizadores precisaram chamar funcionários para ocupar as cadeiras vazias e ouvir Hélio Santos, apresentado com a pompa do título de doutor, dizer que “a cultura da exclusão foi maturada com a lógica de que podem co-existir cidadãos e não cidadãos numa mesma sociedade.”
Discursos
Na abertura, a ministra Luiza Bairros (foto) afirmou, sem que se saiba o que exatamente pretendeu dizer com a frase de efeito, que "o Estatuto da Igualdade Racial só se efetiva se mobilizar a cooperação de agentes públicos e privados". "Aproximar o Estatuto do processo eleitoral permite a renovação das práticas políticas e de gestão”, declarou a titular da Seppir.
Nenhuma palavra disse a ministra a respeito de quando tomará a iniciativa de mandar à Casa Civil a regulamentação do Estatuto, no que precisa ser regulamentado.
Hélio Santos, cuja presença como principal palestrante no Seminário causou estranheza a lideranças negras da base do Governo, tendo em vista o fato de ser notoriamente ligado ao ex-governador tucano José Serra, candidato derrotado nas eleições de 2010 pela atual presidente Dilma Rousseff, repetiu o discurso que faz desde 1.984, quando participou da criação do Conselho Estadual da Comunidade Negra de S. Paulo, no Governo Montoro.
No estilo de quem fala as coisas mais óbvias como se estivesse anunciando o fim do mundo, alertou que o Brasil pode chegar até 2027 como o quarto país mais rico do planeta e ainda assim manter o atual quadro de exclusão e desigualdades. “Hoje se fala muito de sustentabilidade, mas eu falo de sustentabilidade moral”, ensinou.
Os deputados Edson Santos, um dos antecessores da atual ministra Luiza Bairros, e Luiz Alberto do PT, da Bahia, compareceram, mas foram embora antes da abertura.
A ex-governadora do Rio e atual deputada federal pelo Estado, Benedita da Silva, fez discurso elogiando a atual ministra Luiza Bairros, “grande pensadora e intelectual de políticas públicas para a população negra”, cuja permanência no cargo continua incerta.
Das principais articulações nacionais do Movimento Negro, a UNEGRO e a CONEN – correntes de negros, respectivamente do PT e do PC do B – ninguém compareceu e quem compareceu, como o coordenador geral da UNEGRO, historiador Edson França, destacado para representar o seu partido na condição de membro do Comitê Central, não teve a presença sequer citada.
Entre os que tiveram a presença destacada, o secretário-geral do TSE, Manoel Carlos de Almeida Neto, representando o presidente, ministro Ricardo Lawandowski, a vice-procuradora do Ministério Público Federal, Sandra Cureau, o secretário-geral do Conselho da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcus Vinicius Furtado Coelho, e o senador Valdir Raupp, presidente nacional do PMDB.
(AFROPRESS)
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