Brasília - Em resposta a denúncia da ministra chefe da SEPPIR, socióloga Luiza Bairros, feita em reunião com a bancada do PT, em Brasília, de que há um movimento de fora do Governo para derrubá-la, o coordenador geral do Coletivo de Entidades Negras (CEN), Márcio Alexandre, disse nesta quinta-feira (24/11) "ver má fé na declaração" de Bairros.
"Quando vejo o CEN ser acusado de querer derrubar a ministra, aí vejo que começa a surgir certa má fé na compreensão dos nossos gestos. O fato é que o CEN não derruba ministras, nem aumenta orçamentos. Portanto, a ministra sai se a presidente quiser; ela fica, se a presidente quiser. Nós sabemos onde nossas mãos alcançam e temos a percepção bem nítida que não temos esse poder todo. Se tivéssemos, com certeza, optaríamos sempre por aumentar o orçamento e nunca por derrubar ninguém", afirmou.
A declaração da ministra aconteceu numa reunião com a bancada do PT logo após denúncia feita por entidades negras - vocalizada em Nota Pública assinada por Gualberto - em que acusa a gestão de Bairros de insensibilidade e de ter "aparelhado" o Encontro Íbero-Americano do Ano Internacional dos Afrodescendentes que aconteceu entre 16 e 20 de novembro passado, em Salvador.
Discutir política
Segundo Gualberto, a posição da entidade que dirige sempre foi a de construir e discutir política. "Assim foi com Matilde, com Edson e com a atual ministra", acrescentou.
Ele, porém, se disse cético com a disposição da ministra para um diálogo franco e leal com o movimento social. "Observamos que a atual equipe da SEPPIR é muito ruim de política e quando o time é ruim, a culpa sempre recai sobre o técnico ou técnica. O tempo todo dizemos à ministra que estamos à disposição para dialogar. No entanto, não vemos gestos nesse sentido", acrescentou.
Diálogo
Gualberto contou que durante a realização do Encontro em Salvador, ao chegar ao Centro de Convenções da Bahia, foi abordado por Luiza Bairros. "Quando conversamos?", tería perguntado a ministra na sua versão.
"A hora que a senhora quiser", foi a resposta, segundo ele, para quem a ministra é que deve tomar a iniciativa do diálogo. "Ela é a ministra, ela me convoca, portanto é ela quem deve chamar a conversa. Como sociedade civil, estou disposto a conversar a qualquer hora e em qualquer dia. Aí você pode perguntar, conversar para que? Para dizer que temos um problema na equipe atual. O fato de o sujeito ou a sujeita ser um excelente acadêmico não dará necessariamente um bom político. Está aí o Lula para comprovar a tese", frisou.
Viés acadêmico
Segundo Gualberto, o problema da equipe de Luiza Bairros é que tem um viés demasiado acadêmico e "se vê pairando acima das entidades do Movimento Negro".
"Há entidades com as quais a ministra tem um diálogo mais próximo e isso é compreensível. No entanto, nós entendemos que este diálogo deve ser extensivo a todas às organizaçoes e todos os setores do Movimento Negro. A ministra é uma de nós. Vem dos quadros históricos do MNU que reispeitamos como patrimônio nacional do Movimento Negro. Portanto, não consigo entender a dificuldade em sentar e dialogar conosco", sublinhou.
O coordenador do CEN disse que é equivocada a idéia de que a entidade tem uma posição de crítica pela crítica. "Para nós, do CEN, a SEPPIR é vital, sua permanência é essencial como estratégia para as discussões sobre as relações étnico-raciais dentro da esfera pública. O que vemos, no entanto, é que não compreendeu seu real papel e nós, como movimento social, tensionamos para que este papel seja favorável a nós. A SEPPIR surge para agir como um agente fortalecedor do Movimento Negro, se ela disputa com o próprio Movimento, um dos dois morrerão e, nesse caso, tal como no Candomblé, antiguidade é posto e a SEPPIR ficará numa situação desfavorável", acrescentou.
Para Gualberto, o papel da Secretaria, que tem status de Ministério desde 2008, "é caminhar no sentido de fortalecer o Movimento Negro em sua institucionalidade". "Quando eu vejo a ministra se retirar, antes mesmo de começar uma mesa de abertura de um evento da sociedade civil, a sensação que tenho é que ela não quer conversar. Mas por outro lado a ministra é inteligente e sabe que política só se faz de uma forma: conversando. Então, ou ela conversa, ou ela se fecha em copas. É uma escolha política e pessoal. Eu particularmente, torço pela segunda ", concluiu. (AFROPRESS)
"Quando vejo o CEN ser acusado de querer derrubar a ministra, aí vejo que começa a surgir certa má fé na compreensão dos nossos gestos. O fato é que o CEN não derruba ministras, nem aumenta orçamentos. Portanto, a ministra sai se a presidente quiser; ela fica, se a presidente quiser. Nós sabemos onde nossas mãos alcançam e temos a percepção bem nítida que não temos esse poder todo. Se tivéssemos, com certeza, optaríamos sempre por aumentar o orçamento e nunca por derrubar ninguém", afirmou.
A declaração da ministra aconteceu numa reunião com a bancada do PT logo após denúncia feita por entidades negras - vocalizada em Nota Pública assinada por Gualberto - em que acusa a gestão de Bairros de insensibilidade e de ter "aparelhado" o Encontro Íbero-Americano do Ano Internacional dos Afrodescendentes que aconteceu entre 16 e 20 de novembro passado, em Salvador.
Discutir política
Segundo Gualberto, a posição da entidade que dirige sempre foi a de construir e discutir política. "Assim foi com Matilde, com Edson e com a atual ministra", acrescentou.
Ele, porém, se disse cético com a disposição da ministra para um diálogo franco e leal com o movimento social. "Observamos que a atual equipe da SEPPIR é muito ruim de política e quando o time é ruim, a culpa sempre recai sobre o técnico ou técnica. O tempo todo dizemos à ministra que estamos à disposição para dialogar. No entanto, não vemos gestos nesse sentido", acrescentou.
Diálogo
Gualberto contou que durante a realização do Encontro em Salvador, ao chegar ao Centro de Convenções da Bahia, foi abordado por Luiza Bairros. "Quando conversamos?", tería perguntado a ministra na sua versão.
"A hora que a senhora quiser", foi a resposta, segundo ele, para quem a ministra é que deve tomar a iniciativa do diálogo. "Ela é a ministra, ela me convoca, portanto é ela quem deve chamar a conversa. Como sociedade civil, estou disposto a conversar a qualquer hora e em qualquer dia. Aí você pode perguntar, conversar para que? Para dizer que temos um problema na equipe atual. O fato de o sujeito ou a sujeita ser um excelente acadêmico não dará necessariamente um bom político. Está aí o Lula para comprovar a tese", frisou.
Viés acadêmico
Segundo Gualberto, o problema da equipe de Luiza Bairros é que tem um viés demasiado acadêmico e "se vê pairando acima das entidades do Movimento Negro".
"Há entidades com as quais a ministra tem um diálogo mais próximo e isso é compreensível. No entanto, nós entendemos que este diálogo deve ser extensivo a todas às organizaçoes e todos os setores do Movimento Negro. A ministra é uma de nós. Vem dos quadros históricos do MNU que reispeitamos como patrimônio nacional do Movimento Negro. Portanto, não consigo entender a dificuldade em sentar e dialogar conosco", sublinhou.
O coordenador do CEN disse que é equivocada a idéia de que a entidade tem uma posição de crítica pela crítica. "Para nós, do CEN, a SEPPIR é vital, sua permanência é essencial como estratégia para as discussões sobre as relações étnico-raciais dentro da esfera pública. O que vemos, no entanto, é que não compreendeu seu real papel e nós, como movimento social, tensionamos para que este papel seja favorável a nós. A SEPPIR surge para agir como um agente fortalecedor do Movimento Negro, se ela disputa com o próprio Movimento, um dos dois morrerão e, nesse caso, tal como no Candomblé, antiguidade é posto e a SEPPIR ficará numa situação desfavorável", acrescentou.
Para Gualberto, o papel da Secretaria, que tem status de Ministério desde 2008, "é caminhar no sentido de fortalecer o Movimento Negro em sua institucionalidade". "Quando eu vejo a ministra se retirar, antes mesmo de começar uma mesa de abertura de um evento da sociedade civil, a sensação que tenho é que ela não quer conversar. Mas por outro lado a ministra é inteligente e sabe que política só se faz de uma forma: conversando. Então, ou ela conversa, ou ela se fecha em copas. É uma escolha política e pessoal. Eu particularmente, torço pela segunda ", concluiu. (AFROPRESS)
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