“O esporte me deu tudo o que tenho.” Com esta frase, o ex-pugilista, tetracampeão mundial de boxe e deputado federal Acelino Popó (PRB/BA) afirma que o esporte pode mudar a vida de milhares de pessoas, principalmente dos jovens, afastando-os do crime e das drogas.
Nesta entrevista, Popó revela que não concorda com os valores instituídos pelo Bolsa-Atleta para os atletas de base que, segundo ele, são os que mais precisam de apoio financeiro, já que a maioria são jovens carentes. “Eu vou lutar muito por esses, tenham certeza”, destaca.
Popó é o presidente nacional do PRB Esporte e em breve estará lançando um site com as principais atividades e projetos para a militância em todo o território brasileiro. E destaca: “O esporte é inclusão social, é qualidade de vida, mexe com a autoestima.”
Leia a entrevista.
PRB - Vale a pena ser atleta profissional no Brasil?
Acelino Popó – Quando me profissionalizei, eu fazia as preliminares do lutador Reginaldo Holyfield, da Bahia, e essas lutas eram transmitidas pela TV, tinha público, patrocinadores, divulgação. Hoje não tem. Há alguns anos, não vemos lutas de boxes transmitidas em nível nacional. Mas posso dizer que é difícil, sim, ser atleta profissional e, principalmente, atleta amador no País.
PRB – Das primeiras votações de que o senhor participou, uma delas foi a que aprovou a MP da Bolsa-Atleta que terá valores de R$ 370 a R$ 15 mil por mês. Qual sua opinião sobre esses benefícios?
AP – O meu começo como atleta foi muito difícil. Particularmente, acho uma vergonha você pegar um atleta para fazer uma base dando R$ 370. Veja que para esse atleta chegar a uma medalha olímpica ou a um pódio para ganhar R$ 15 mil, é uma trajetória muito grande. Para se ter uma ideia, nem um balde de suplemento ele vai poder comprar com R$ 370. Se ele quiser comprar um tênis bom para correr, não vai poder. Um par de luvas é a metade desse valor; um quimono custa quase esse valor. Como ele vai se manter? A maioria dos grandes atletas e medalhistas olímpicos têm patrocínios, da Caixa ou do Banco do Brasil, que chegam a dar de R$ 30 mil a R$ 40 mil por mês para eles. Então, quem precisa de uma boa grana para chegar a uma Olimpíada são os atletas de base. É quem está começando que precisa de um investimento melhor e não quem já está lá na frente. Como é que o atleta vai sobreviver com R$ 370? Acho que isso foi mal planejado.
PRB – Então, o senhor vai lutar para reverter a situação do atleta de base hoje?
AP – Com certeza. Os R$ 15 mil previstos (pelo Bolsa-Atleta) são para os atletas que já estão em pódio, entre os vinte melhores do mundo. E os pequenos que estão querendo chegar lá? Como ficam? Eu vou lutar muito por esses, tenham a certeza. Os atletas de base é que precisam disso. Muitos moram em bairros que não têm nenhuma boa referência. A única referência que eles têm é o traficante que está com aquele ‘correntão’, de tênis legal, com uma moto e cheio de namoradinhas; e ele quer ser assim também. Se dermos uma oportunidade para esses garotos treinarem com R$ 370, qual a expectativa? Como ele vai ajudar a mãe com a alimentação? Como ele vai se alimentar melhor? Como vai ajudar no aluguel, na luz, na água? Temos que dar uma atenção especial a isso, para formarmos uma base para 2016.
PRB – Como irá desenvolver o trabalho no PRB Esporte, do qual o senhor é o presidente nacional?
R: O esporte é inclusão social, é qualidade de vida, mexe com a autoestima. Por exemplo, as pessoas sedentárias têm que praticar esporte, porque assim elas vão deixar de ocupar um leito de hospital por causa da má qualidade de vida, pela falta de atividade física. Então, a gente quer estar presente nas prefeituras de bairros, nas associações e dar condições para elas desenvolverem um trabalho com a comunidade.
De esporte eu entendo muito bem. Vou apresentar algumas pautas para o nosso presidente (Marcos Pereira), principalmente do esporte como inclusão social. Vamos apostar nessa garotada brasileira, vamos ocupar o tempo dela, vamos dar atividades. Precisamos dar oportunidade a ela. Se vierem campeões, o partido, o governo, tem que aproveitar o Bolsa-Atleta e investir nesses jovens porque enquanto nós queremos fazer craques no esporte, o traficante está fazendo o crack de craque porque esses jovens não têm oportunidade. Por isso, eu digo uma coisa: vamos fazer um trabalho para marcar a história do esporte brasileiro.
Por Helen Assumpção (www.prb10.org.br)
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