segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Haddad o candidato de Lula

Em meio ao debate sobre as prévias para a escolha do candidato do PT à sucessão municipal de São Paulo, caciques do partido já descartam a candidatura do ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, e preveem uma queda-de-braço entre a senadora Marta Suplicy e o ministro da Educação, Fernando Haddad. Lideranças petistas avaliam que, entre a experiência política da senadora e o ar renovador do ministro, o que vai prevalecer no final é a indicação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "O Lula tem muita influência no PT, ele não precisa se impor. Se o Lula quiser, quiser mesmo, será o Haddad. O Mercadante tem muita ligação com o Lula e se o Lula quiser o Haddad, o Mercadante não será candidato", disse um líder do diretório municipal.
Nas contas das lideranças petistas, Mercadante teria o apoio majoritário da bancada municipal caso tivesse interesse em disputar a indicação com os outros pré-candidatos da sigla. No entanto, o desempenho de Mercadante no Ministério de Ciência e Tecnologia tem agradado à presidente Dilma Rousseff, que já pediu para que ele permaneça na pasta. "A presidente tem elogiado bastante o trabalho do ministro Aloizio Mercadante, o que não deve levá-lo a entrar na disputa", revelou um cacique do diretório estadual. "Como ministro, ele está cada dia mais empolgado", contou um aliado próximo do ministro. Embora tenha dado sinais de que continuará em Brasília, Mercadante não está oficialmente fora do embate. "O nome dele sempre será lembrado neste processo", ressaltou o deputado federal Paulo Teixeira, líder da bancada do PT na Câmara.
Incomodado com a discussão em torno da realização das prévias, Teixeira defende que a escolha do candidato petista seja através de um consenso. "Essa é uma discussão fora de propósito. Temos de ter um entendimento para a construção dos critérios (de escolha)", pregou o deputado. Como líder da bancada, Teixeira diz não ter preferências, uma vez que três postulantes estão em sua base: os deputados Carlos Zarattini, Arlindo Chinaglia e Jilmar Tatto. No entanto, ao ser questionado sobre a inexperiência de Haddad, Teixeira rasgou elogios ao ministro e destacou sua visibilidade nos governos de Lula e Dilma. Em sua opinião, seu trabalho no Ministério da Educação o credencia para a disputa. "Ele tem dois grandes professores: Lula e Dilma. A inexperiência não é a maior dificuldade", justificou.
Mesmo com Marta insistindo na candidatura, nos bastidores cresce a convicção de que o PT precisa de um nome novo. O discurso oficial é de que o partido dispõe "dos melhores nomes para administrar São Paulo", mas muitos não escondem a insatisfação com a obsessão da senadora e só não se expõem publicamente para não se indispor com a petista. "Vamos tentar evitar a prévia", avisou um vereador. A expectativa é que Marta retire sua candidatura e abra caminho para um entendimento com os outros pré-candidatos, incluindo o senador Eduardo Suplicy, que já colocou seu nome à disposição do partido.
"Eu acho que se a Marta Suplicy não retirar a candidatura, dificilmente o Fernando Haddad entra na disputa, pois ele não teria força nas bases do partido", avaliou um deputado federal. Caso Marta mantenha sua posição, o partido pode chegar a um impasse. "A chance do Haddad seria no entendimento e eu acho que, no atual cenário, é difícil ocorrer um acordo", emendou o parlamentar.
Tutoria. Antes de sair de férias, o ministro Fernando Haddad recebeu em Brasília a visita do presidente do PT em São Paulo, deputado estadual Edinho Silva, e do prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, para discutir sua pré-candidatura. Como o ex-presidente Lula, que é o padrinho político do ministro, não terá muito tempo para prepará-lo para o palanque, tudo indica que o Marinho será incumbido desta função, fazendo com Haddad o que Lula fez com Dilma. (Estadão)

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