segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Raul Monteiro analisa declaração de Lídice e o jogo para 2012

A senadora Lídice da Mata (PSB) ganhou hoje a sutil oportunidade que provavelmente esperava para poder se posicionar mais claramente sobre a sucessão municipal em Salvador. Em entrevista ao jornalista Osvaldo Lyra, editor de Política da Tribuna da Bahia, provocada, Lídice disse que querer mesmo não quer (ser candidata a prefeita), mas… Em outras palavras, se houver o que todo político chama de apelo popular, não se furtará ao desafio, já que foi, segundo suas próprias palavras na mesma entrevista, a deputada federal mais bem votada na capital, que repetiu o mesmo magnânimo apoio a ela na disputa pelo Senado. Isto quer dizer que, em última instância, Lídice avalia, sim, o cenário sucessório e deixa claro não ter assumido qualquer compromisso com o PT no sentido de apoiá-lo para a sucessão do prefeito João Henrique, em 2012. Como todo mundo está cansado de saber, a socialista foi em 2008 candidata a vice na chapa do petista Walter Pinheiro, hoje seu colega de Senado, apesar de, na época, ter estado léguas à sua frente nas pesquisas de intenção de voto à Prefeitura. Em plena campanha, decidiu afogar a própria candidatura ante um apelo do governador Jaques Wagner e de todo o PT, que retribuíram sua ponderada generosidade apoiando-a, dois anos depois, para a vaga ao Senado que acabou conquistando. Com as declarações que concedeu hoje, as primeiras desde que o debate sobre a sucessão começou, Lídice não apenas surpreende o mundo político, como revela para a Bahia que o jogo de compromissos mútuos com o PT foi extinto no ano passado, na sucessão estadual de 2010. É mais um desafio para o companheiro Nelson Pelegrino, candidato de Jaques Wagner e do PT à Prefeitura de Salvador, que foi batido por Pinheiro na disputa interna do PT em 2008. Dada a costura que o PSB de Lídice já tem praticamente amarrada com o PTB, do vice-prefeito Edvaldo Brito, e com o PCdoB, que pensa em lançar a deputada federal Alice Portugal à sucessão, talvez seja o maior desafio que Pelegrino deva enfrentar no cada vez mais movimentado espectro de forças aliadas, todas já se insinuando – e na mais descontraída animação – para a mesma disputa. Para completar, a tese de Lídice de que o debate sobre a cidade está deslocado, priorizando nomes em detrimento de um projeto claro para a terceira capital do país, é corretíssima. Bem como parece ter tudo para começar a atrair as atenções para quem, até agora, era dada como uma auto-deliberada carta fora do baralho.


(por Raul Monteiro www.politicalivre.com.br)

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