quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Walter Pomar fala sobre racha na Articulação de Esquerda

Caro Valter, boa noite.
Queria entrevistá-lo sobre os acontecimentos no Congresso da Articulação de Esquerda deste fim-de-semana. Obtive a informação aqui em Brasília de que houve problemas no processo. Como sei que você prefere entrevistas por e-mail, mando aqui as perguntas. Dou apenas uma prévia da versão que obtive: de que a chapa adversária a sua tinha mais votos para ssair vitoriosa mas que uma decisão sua não permitiu que os 36 delegados da Bahia votassem. Os outros Estados teriam sido solidários e deixaram também o processo. A principal discordância quanto ao seu grupo se refere à participação dos movimentos sociais. Você preferiria uma corrente "de quadros", ao passo que os outros preferem uma participação maior dos movimentos sociais. Dos 10% da AE, 60% correspondem a esse grupo adversário, que agora pode sair e montar uma nova corrente.
Seguem as perguntas:
1) Essas informações são verdadeiras?
Não, não são verdadeiras. Se eles tivessem mais votos, teriam permanecido e vencido o Congresso. E todos nós temos forte militância nos movimentos sociais. Nós queremos uma tendência de militantes. Não somos um Partido, que este sim pode ser de massas.
2) O que ocorreu no Congresso da AE?
O processo de Congresso iniciou há vários meses. Houve uma polarização entre duas teses, intituladas respectivamente "Em defesa da nossa história" e "Inaugurar um novo período". Além do principal, que são as divergências políticas, tivemos uma divergência regimental. Em nossa opinião, só o Congresso da tendência poderia decidir acerca do credenciamento de um grupo de delegados regimentalmente irregulares. O setor que não concordou com isto, ou seja, não concordava em deixar que o Congresso decidisse sobre o credenciamento, optou por sair da tendência.

3) Quantos delegados há por Estado, quantos deixaram de participar do processo após a divergência e qual o critério para ser delegado?
Para ser delegado, é preciso ser militante do PT, ser militante da AE e estar em dia com as contribuições financeiras. Neste base, foram eleitos 98 delegados. Além destes, havia 36 delegados pedindo para ser credenciados. Mas estes 36 delegados foram produto de um processo regimentalmente irregular. 
4) Por que parte dos delegados não foram autorizados a participar do processo?
Porque eles foram eleitos por pessoas que foram filiadas à tendência de maneira irregular. No estado em questão, havia no dia 28 de junho 193 pessoas filiados. No dia 30 de julho, o total cresceu para 794 filiados. Por conta deste crescimento súbito, fizemos uma auditoria e recomendamos que o credenciamento dos respectivos "delegados" fosse deliberado pelo Congresso. Eles não aceitaram e saíram  antes do Congresso começar.
5) Quais as principais divergências entre as duas teses e os dois grupos? Onde posso ter acesso às teses?
As teses são públicas e estão disponíveis no site www.pagina13.org.br. A principal divergência é óbvia: eles desistiram de construir uma tendência com as características politicas e organizativas da Articulação de Esquerda.
6) Qual o posicionamento da ministra Iriny Lopes sobre o episódio?
A ministra, enquanto ministra, não tem posicionamento nenhum. Mas a militante Iriny Lopes presidiu a mesa que inaugurou o Congresso da AE, participou de todo o Congresso e faz parte da nova direção nacional.


7) Avalia que há chance de recomposição? De que forma?
Nós marcamos uma segunda etapa do Congresso, para o mês de novembro, aberta inclusive aos que decidiram sair, caso queiram voltar. Mas a decisão é deles, não nossa. 

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