quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Mais um Ministro deixará governo Dilma antes mesma da reforma prometida

Em reunião nesta manhã, lideranças do PMDB decidiram não manter apoio à permanência de Pedro Novais na pasta após a publicação de novas denúncias


BRASÍLIA - Em uma conversa na manhã desta quarta-feira, 14, envolvendo o ministro do Turismo, Pedro Novais, e as lideranças do PMDB, ficou decidido que o PMDB não mantém mais apoio à permanência de Novais na pasta, e que o ministro entrega nesta quarta a carta de demissão à presidente Dilma  Rousseff.

Pedro Novais é foco de denúncias desde o início da gestão - Ed Ferreira/AE - 17.08.2011
Ed Ferreira/AE - 17.08.2011
 
Pedro Novais é foco de denúncias desde o início da gestão
Desde que assumiu a pasta, em janeiro, Novais virou foco constante de denúncias. Na última, publicada nesta quarta pelo jornal Folha de São Paulo, o Planalto soube que o ministro usa um servidor da Câmara, Adão dos Santos Pereira, como motorista particular da mulher dele, a aposentada do serviço público Maria Helena de Melo.
Adão servia no gabinete de Novais, quando ele era deputado federal pelo PMDB do Maranhão. Quando deixou o cargo para assumir o Turismo, o motorista foi transferido, em um jogo cruzado de favores políticos e fisiológicos comum no Congresso, para o gabinete do deputado Francisco Escórcio (PMDB-MA) – Novais e Escórcio são aliados incondicionais do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
Nesta terça-feira, 13, reportagem da Folha de S.Paulo mostrou que o ministro teria usado dinheiro da Câmara para pagar o salário da governanta de seu apartamento em Brasília. Em nota da assessoria, o ministro afirmou que ela era lotada no seu gabinete de deputado até dezembro de 2010. Seu trabalho era dar "apoio administrativo ao deputado e aos outros funcionários", afirmou.
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou que poderão ser investigadas as suspeitas e que o episódio, por se tratar de suposto caso de improbidade, não é protegido pelo foro privilegiado. "Eu vi apenas a notícia divulgada na imprensa, mas isso vai se somar a toda aquela série de procedimentos que já se encontram no Ministério Público", afirmou.
Escândalos. Novais caiu em desgraça por uma sucessão de escândalos. O primeiro deles foi noticiado pelo Estado. Dias antes da posse como ministro, a reportagem do Estado revelou que Pedro Novais, então deputado federal, pediu ressarcimento de R$ 2.156 à Câmara por despesas em um motel de São Luís (MA). Novais incluiu a nota fiscal na prestação de contas da verba indenizatória.
No mês passado, o ministro teve seu nome envolvido em nova polêmica. O secretário executivo do ministério, Frederico Costa, foi preso durante a Operação Voucher, da PF, suspeito de liberação irregular de verbas públicas para a ONG Ibrasi. Costa pediu demissão.

(Estadão)
 
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Dilma marca reunião com Temer para definir novo nome para o Turismo

Pedro Novais entrega ainda nesta quarta pedido de demissão da pasta, que deve continuar sob o comando do PMDB

BRASÍLIA - O Planalto ainda não anunciou oficialmente a demissão do ministro Pedro Novais, do Turismo, porque a presidente Dilma Rousseff espera a chegada do vice-presidente Michel Temer a Brasília, na tarde desta quarta-feira, 14, para definir o substituto, que também sairá da cota do PMDB.

Pela manhã, Dilma afirmou que ainda não havia se encontrado com Pedro Novais e, portanto, não tinha ouvido as explicações sobre as últimas denúncias. "Primeiro a gente pede as explicações cabíveis. Eu voltei de São Paulo e hoje [quarta] nós vamos encaminhar isso, avaliar a situação e tomar as medidas cabíveis de forma muito tranquila", disse.
Embora as várias alas do PMDB estejam discutindo nomes para substituir Pedro Novais no Ministério do Turismo, o Palácio do Planalto já emitiu sinais de que quem não quer no cargo. Um dos vetados é o deputado Marcelo Castro (PMDB-PI), nome defendido pelo líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). O vice-presidente da Caixa Econômica Federal (CEF) para Pessoas Jurídicas, Geddel Vieira Lima, também não tem chance porque é desafeto do governador da Bahia, Jaques Wagner (PT). No caso do nome do atual ministro Moreira Franco (Assuntos Estratégicos), o Planalto também não vê razão para tirá-lo de onde está, promovendo a sua transferência para o Turismo.
Na noite desta terça-feira, 13, algumas lideranças do PMDB ainda avaliavam que Novais poderia continuar no cargo, esperando pela demissão apenas no rastro da reforma ministerial, preparada por Dilma para o fim deste ano ou janeiro de 2012. Além de tirar nomes herdados do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a presidente vai mexer na equipe porque alguns ministros precisarão deixar o cargo para disputar as eleições municipais – caso de Fernando Haddad (Educação), que deve disputar a prefeitura de São Paulo pelo PT.
Apesar da resistência de alguns peemedebistas, o Planalto já tinha conhecimento das novas denúncias contra Novais na noite desta terça. A ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, recebeu a íntegra das repostas que a assessoria do ministro enviou ao jornal Folha de S.Paulo para tentar justificar o uso de verba pública do gabinete parlamentar para pagar aluguel de carros e, como ministro, o uso de um ex-motorista, empregado no gabinete do aliado, para servir à mulher.
Líderes do PMDB diziam que Novais tem uma personalidade “teimosa” e, por isso, estaria disposto a enfrentar as denúncias. Novais chegou cedo nesta quarta ao ministério. Com o PMDB informado sobre todos os detalhes do uso do motorista, o partido decidiu nesta manhã não mais fazer nenhum tipo de pedido junto ao Planalto em favor da manutenção de Novais no cargo.

(Estadão)

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