segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Ministra Ideli: "Reforma ministerial deverá ocorrer até fevereiro"

A ministra Ideli Salvatti em foto de Givaldo Barbosa
BRASÍLIA - Perto de completar três meses no cargo de ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti afirma, sem falsa modéstia, que as mudanças promovidas pela presidente Dilma Rousseff na estrutura palaciana deram novo ritmo ao governo. E não se acanha de incluir aí não só sua própria nomeação, como também a de Gleisi Hoffmann para a Casa Civil, substituindo Antonio Palocci. O trio feminino está afinado e entrosado. Ideli diz que a mexida promovida pela presidente garantiu um maior entrosamento à equipe do Planalto, o que vem permitindo um melhor encaminhamento das demandas de diferentes áreas administrativas, como também da base governista. E a ministra prevê novas mudanças pela frente.
Ideli confirmou a intenção de Dilma de fazer uma reforma ministerial no início do próximo ano, a despeito das quatro trocas de ministro que foi obrigada a fazer nos primeiros oito meses de seu governo. As primeiras mudanças foram precipitadas por denúncias e suspeitas de irregularidades, mas garantiram à presidente nomear uma equipe mais identificada com seu próprio perfil. E ela deverá se valer do calendário eleitoral para promover as próximas substituições, formando uma equipe cada vez mais afinada com seu jeito de governar.

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Aliados não têm razões para se preocupar com mudanças

A expectativa é que a presidente não espere o prazo final de desincompatibilização para as eleições municipais (início de abril) para trocar ministros que pretendem se candidatar, como o da Educação, Fernando Haddad, que planeja disputar a prefeitura de São Paulo pelo PT.
- Não sei qual será a amplitude. Mas o simples fato de que alguns vão se candidatar mostra que essa reforma será necessária. Não acredito que a presidenta vá esperar o prazo de desincompatibilização. Acredito que ela antecipe essa mudança para janeiro, fevereiro, para não deixar o clima de pré-candidaturas contaminar o governo - adiantou a ministra ao GLOBO.
Na avaliação de Ideli, essas novas mudanças não devem preocupar a base aliada, até porque as primeiras substituições promovidas por Dilma garantiram uma maior harmonia em sua equipe. Harmonia que muito interessa à própria Ideli, que almeja dias mais tranquilos na relação com os parlamentares aliados, até agora bem tumultuada.

Ideli prevê reeleição com estrelinha para Dilma

Amiga de Dilma desde o início do governo Lula, a catarinense Ideli Salvatti considera que o trio de mulheres da região Sul - Dilma vem do Rio Grande, e Gleisi, do Paraná - está se entendendo muito bem no comando do Planalto. Um único homem, Gilberto Carvalho (secretário-geral da Presidência), divide essa chefia com as mulheres. E, segundo Ideli, só agrega.
- O desenho em torno da presidenta mudou significativamente, não só em estrutura política, como em fluxo. Mas mudou também em termos de entrosamento. A relação minha, da Gleisi e do Gilberto (Carvalho) é de fraternidade, não tem disputa ou sombreamento. Nossos papéis são bastante explícitos. E essa é uma coisa que faz toda a diferença. Há cumplicidade entre nós. E esse desenho não havia antes - avalia a ministra, que entrou no governo Dilma para assumir o apagado Ministério da Pesca, após ter sido derrotada na tentativa de se reeleger senadora.
Considerada uma das petistas mais fiéis a Dilma, Ideli vem, ainda que discretamente, tentando desmontar a versão dos lulistas sobre 2014. Uma preocupação da ministra é rebater as especulações de que a presidente não teria apetite político para disputar a reeleição, abrindo espaço para a volta do ex-presidente Lula - o próprio tratou de prever recentemente , no Congresso do PT, um governo de oito anos para sua sucessora.
- Não tenho qualquer motivo para achar isso (que Dilma não disputará a reeleição). A presidenta tem se mostrado muito determinada, ainda mais com a oportunidade que a crise econômica internacional está nos proporcionando de mostrar o potencial do nosso mercado interno, o que vem possibilitando que continuemos crescendo e ainda com chances de resolvermos questões macroeconômicas, como baixar os juros. Desse jeito, é reeleição com estrelinha - prevê Ideli.

(O Globo)

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