sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Escritora fala de dificuldade de se lançar livro na Bahia

Maria Prado de Oliveira fala sobre primeiro livro e dificuldade de publicar na Bahia




Maria Prado de Oliveira lança o seu primeiro livro, "Urbanos, Humanos, Estranhos"

Por Karen Monteiro

A atriz e produtora cultural baiana Maria Prado de Oliveira acaba de lançar seu primeiro livro, "Urbanos, Humanos, Estranhos... Um livro de contos e comentários livres", que traz um olhar crítico e irônico sobre a condição de normalidade dada a "absurdos comportamentos urbanos". Os 13 contos que formam a obra são carregados de humor cáustico, temperado com ideais esperançosas sobre urbanidade e o devir da humanidade, sempre com uma provocação a mais ao leitor. Segundo a autora, o livro é, na verdade, “um retrato dos seres humanos e suas estranhezas”. Além de Salvador, a obra será vendida em livrarias de Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Recife. Nesta entrevista, a autora faz mais comentários sobre o livro, a vontade de escrever e as dificuldades enfrentadas pelos escritores independentes na Bahia.

 


Bahia Notícias – Como surgiu a ideia do livro?
Maria Prado de Oliveira – Esses contos começaram a ser escritos desde o ano passado, mas a ideia de estruturar o livro surgiu da minha necessidade de propor ao leitor outras reflexões. Não é um tema novo, é um tema recorrente, mas sempre há novas abordagens possíveis. Falar dos seres humanos que vivenciam a urbe, aqueles que estão nas grandes cidades, é sempre inspirador.

BN – O tema é voltado para uma crítica sobre a condição de normalidade dada a "absurdos comportamentos urbanos". De onde partiu o estímulo para escrever sobre o tema? O livro pode agir como um meio de denúncia?
MPO – Este tema especificamente me interessa porque, como milhões de pessoas, penso que as questões urbanas afetam bastante as nossas vidas no dia a dia e, muitas vezes, verdadeiros absurdos caem na normalidade e tudo fica por isso mesmo. Não vejo meus contos e comentários como denúncia, nem tenho a pretensão de ser a primeira ou a última a falar sobre essas questões, mas fiz a minha leitura e a minha viagem estética sobre o assunto.

BN – Os seus contos possuem personagens peculiares, com um médico dependente químico. Você se inspirou em pessoas reais?
MPO – Em todos os contos. Os urbanos, humanos, estranhos são muitos de nós. Utilizo em todos os títulos dos contos o artigo indefinido porque não falo desse ou daquele, mas de muitos uns e umas que estão por aí. Entre os contos, existe sempre um espaço para comentários.

BN – Qual o significado dos seus comentários no contexto de livro? Qual o critério utilizado para inserir estes entre os contos? Eles estão interligados?
MPO – Para cada conto há um comentário. Chamo de livre comentário exatamente porque é a minha leitura sobre esse ou aquele conto. Foi uma escolha estética e também para reforçar os conteúdos sobre os quais escrevi. Senti vontade de sair do conto e comentar sobre as personagens e suas atitudes. Por outro lado, talvez seja um "vício de filosofia" - pensar e pensar e pensar (risos).

BN – De onde surgiu a ideia de inserir caricaturas no livro? E a parceria com Tielson Santos, que assina as caricaturas?
MPO – Quis usar caricaturas para ilustrá-lo porque uma caricatura já traz em sua linguagem, o humor, a deformação, a crítica, propostas que também estão no meu texto. Para esse livro, achei que ia funcionar bem. Gostei muito do resultado. Tielson Santos é um talento. Ele já tinha trabalhado comigo no design gráfico das peças publicitárias de um espetáculo teatral.

BN – Você é atriz, produtora cultural e é formada em filosofia. Por qual motivo decidiu adentrar o campo da literatura?
MPO – Sempre escrevi. A diferença é que agora decidi editar um livro. Escrever pra mim é uma necessidade. Não tenho a menor ideia sobre qual será a repercussão desse meu primeiro livro entre leitores e na crítica, mas quem gosta de escrever, escreve, independente de qualquer coisa. Mas é claro que fazer sucesso é sempre gratificante. As minhas outras atividades só me ajudam no ofício de escrever.

BN – Como escritora independente, você enfrentou dificuldades para publicar "Urbanos, Estranhos, Humanos"? É difícil publicar um livro em Salvador?
MPO – Existem várias dificuldades para publicar um livro em qualquer lugar do planeta. Evidentemente, com a nova configuração do mundo e as novas tecnologias, como o surgimento do Ebook, há outras possibilidades de distribuição dos trabalhos dos escritores. Aqui em Salvador, há escritores criativos que também são editores e empreendedores, como Claudius Portugal e Aninha Franco e Diógenes Serra Moura, presentes na época de 80 e 90. Esse meu livro é uma Edição de Autora. O escritor independente tem que correr atrás. Alguns participam de editais e outras premiações para conseguir editar. Outros organizam coletâneas, encontros de escritores, recitais. São possibilidades que escritores, independente dos portes dos seus talentos, buscam para chegar aos leitores. (Bahia Notícias Entretenimento)

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