quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Juíza condena firmas envolvidas no mensalão do DEM

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Sem alarde, a juíza Gislaine Reis, da 4ª Vara de Fazenda Pública do Distrito Federal, expediu no dia 24 de agosto uma sentença alvissareira.
Condenou cinco empresas a devolver às arcas de Brasília R$ 240,8 milhões. A novidade veio à luz em notícia do repórter Filipe Coutinho, na Folha.
Eis as logomarcas condenadas: Linknet (R$ 79 milhões), Linkdata (R$ 50 milhões), Prodata (R$ 38 milhões)…
…Conecta (R$ 36 milhões), Poliedro (R$ 35 milhões) e Brasil Telecom (R$ 2,8 milhões).
Excetuando-se a Brasil Telecom, as demais foram citadas por Durval Barbosa como provedoras do esquema batizado de mensalão do DEM.
Antes de se tornar um delator premiado, Durval comandou a Codeplan (Companhia de Desenvolvimento do Planalto Central).
Contratado na gestão de Joaquim Roriz, Durval foi aproveitado na equipe do sucessor dele, José Roberto Arruda.
A sentença de Gislaine envolve justamente contratos celebrados pela Codeplan. Tudo em caráter emergencial, sem licitação. “Absolutamente ilegal”, anotou a juíza.
Empresas de informática, as fornecedoras da Codeplan venderam à estatal produtos alheios ao seu ramo de atividade. A magistrada observou:
"É bem de ver-se a desnecessidade de contratação emergencial para a colocação de carpete, gesso, persianas e fornecimento de copos e papel higiênico."
Servindo-se das revelações feitas pelo delator Durval, a PF constatou que a Codeplan está no DNA dos desvios de verbas que nutriram o mensalão brasiliense.
O próprio Durval informara que os contratos da estatal serviram para financiar a campanha de Arruda e de deputados distritais do grupo dele.
Os negócios que resultaram na condenação da juíza Gislaine são de 2006. São desse ano também os vídeos em que Durval aparece distribuindo dinheiro a políticos.
Entre os personagens da cinemateca de Durval, estava a filha de Roriz. Eleita deputada distrital, Jaqueline Roriz (PMN-DF) fingiu-se de morta.
Mais que isso: ajudou a cassar colegas pilhados nos vídeos. Pronunciou inflamados discursos pela ética. Num deles, chamou uma mensaleira de “cara de pau.”
Em março de 2011, quando Jaqueline já ocupava uma cadeira na Câmara Federal, vieram à luz as cenas em que ela apalpa as verbas sujas de Durval.
A despeito da força das imagens, a Câmara mandou ao arquivo, na semana passada, o pedido de cassação do mandato da filha de Roriz.
Ao alvejar a caixa registradora dos corruptores, a magistrada de Brasília como que oferece um lenitivo ao contribuinte desamparado.
Convém degustar a novidade rapidamente. Pode durar pouco tempo. A palavra da juíza Gislaine não encerra o caso. Cabe recurso. (Blog do Josias)

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