sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Orlando Silva não “matou no peito” e desgaste aumenta

A oposição mostrou habilidade nesta terça-feira e impediu que o ministro do Esporte, apoiado por governistas, "matasse no peito" as denúncias que o desgatam já há quatro dias. Oposicionistas conseguiram roubar a cena no depoimento de Orlando Silva na Câmara, audiência preparada para dar uma espécie de salvo-conduto ao titular do Esporte. Líderes do DEM, PSDB, PPS e PSOL deixaram a comissão onde Silva era ouvido para uma reunião a portas fechadas com o denunciante, João Dias, no gabinete da liderança do PSDB no senado.
Ao voltar à comissão, o pelotão de oposicionistas afirmou, em discursos dramáticos, que Dias tinha revelações "estarrecedoras", com provas, que deveriam ser expostas à sociedade. Haveria gravação de áudio de uma reunião no ministério já no período da gestão de Orlando Silva, com revelações sobre o esquema de desvio de 20% do dinheiro de contratos da pasta supostamente para financiar o PCdoB, partido do ministro.
A reação inicial dos governistas foi de perplexidade. O ministro, em silêncio, passava a mão pelo rosto, enquanto oposicionistas, em sucessivos discursos, causavam frisson com promessas de surpresas e provas contundentes, mas só na quinta-feira. Foi o primeiro tento da oposição no episódio: adiar a solução do problema e estender o desgaste político de Orlando Silva por pelo menos mais 48 horas.
Hoje, o ministro enfrentará, no Senado, uma platéia bem menos amistosa do que a que chegou até a aplaudi-lo na Câmara. E amanhã, virão as esperadas revelações do policial militar que nesta terça, ao invés de comparecer à Polícia Federal, primeiro se calçou com a proteção política dos oposicionistas no Congresso.
Se as declarações perante a polícia e as alegadas provas de João Dias não tiverem o poder explosivo que se anuncia, aí sim, é que vai se saber se o drible no escândalo é possível. Ainda assim vai restar uma questão crucial para a presidente Dilma: valerá a pena manter um ministro desgastado politicamente à frente de projeto tão importante para o Brasil? Talvez nem a inocência, uma vez atestada, salve o ministro. O dano já está feito. (Google Imagens / Blog da Christina Lemos)

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