Osvaldo Lyra
Tribuna da Bahia – Seu nome foi citado pela imprensa na última semana como um dos possíveis a ocuparem a Casa Civil com a saída de Eva Chiavon. Existe essa possibilidade?
Rui Costa – Olha eu sou amigo pessoal do governador há 30 anos, sou construtor de seu grupo político e ao longo desses anos tivemos sempre uma forma de atuar onde a gente se conversa, mas a gente sobretudo atua – eu principalmente em relação a ele - no sentido de dar total liberdade e de apoiá-lo em suas decisões. Então cabe a mim apenas no momento em que for chamado para conversar – todos os momentos é assim - eu ajudo na construção. Ele está refletindo sobre quem vai colocar e independente de quem escolher eu estarei lado a lado, ajudando para o maior sucesso de seu governo e para o sucesso da secretaria da Casa Civil. Mas essa conversa ainda não ocorreu. Ele está em um momento de reflexão e na hora em que ele chegar a alguma conclusão eu estarei à disposição para conversar.
Tribuna - Como vê o embate por 2012? A antecipação da disputa é ruim para Salvador?
Tribuna – Qual a avaliação o senhor faz sobre o governo João Henrique?
Rui Costa – Olhe eu entendo que não é uma boa gestão à medida em que questões fundamentais não foram resolvidas, a exemplo da estrutura básica de atenção à saúde. Salvador é entre todas as capitais a de menor rede de atenção básica, de funcionamento de postos de saúde. Salvador entre as capitais brasileiras é a de maior déficit de educação infantil, sendo a que tem menos creches públicas. Tanto é que agora com o PAC 2 , Salvador é a capital em que o governo federal está mais oferecendo a maior construção de números de creches na parceria com o município. Isso sem falar em diversos outros serviços, como o transporte que é de péssima qualidade na minha opinião. Portanto, nós precisamos de um gestor que priorize essa questões básicas. Nós não haveremos de melhorar a vida da população principalmente da periferia se nós não oferecermos uma educação básica e infantil de qualidade e também um atendimento básico de atenção à saúde pelo município.
Tribuna O senhor acredita que o pré-candidato Pelegrino reúne condições de levar a disputa pelo Thomé de Souza?
Rui Costa - Totalmente. Pelegrino é um deputado de alguns mandatos na Câmara Federal, já foi líder, presidente de comissão, já foi candidato três vezes e embora não tenha tido sucesso, a candidatura serve para amadurecer, faz de alguma forma com que o candidato mergulhe na leitura dos problemas, visite cada canto da cidade e se aproxime do cidadão. Pelegrino já foi três vezes e, portanto, acredito que ele reúne todas as condições tendo o apoio da população de Salvador para fazer uma boa administração. As pesquisas de consumo interno dos partidos já demonstram que ele está num lugar de destaque nas primeiras avaliações.
Tribuna - Acha que o apoio de João Henrique será fundamental para o candidato petista?
Rui Costa - Não acho que nessa eleição de Salvador a decisão do povo se baseará no apoio dessa ou daquela pessoa. Eu acho que a eleição se baseará na confiança que o povo tiver das propostas que forem apresentadas. O povo de Salvador, cada segmento tem uma reclamação e forte. O segmento de classe média e a população mais pobre não suportam mais esse trânsito. Está insuportável você andar a qualquer hora. E não são somente as pessoas que tem carro, mas também aquelas que estão nos ônibus que prestam um mau serviço, fazendo com que as pessoas levem horas para chegar ao trabalho. Além das questões de saúde, de educação e outras que precisam ser resolvidas o mais rápido possível.
Tribuna - Há algum entendimento sobre composição de chapa? Há a chance de o PP indicar a vice na chapa com Pelegrino?
Rui Costa – Eu acho que ainda está cedo para um arranjo partidário. Quem está coordenando todas as conversas preliminares é o próprio candidato Nelson Pelegrino. Agora eu digo sempre o seguinte: Este é o momento de todos os partidos apresentarem nomes e terem candidatos, até porque quem quer construir seu partido no município tem que apresentar nomes e ideias. Nós teremos até o período das convenções tempo para que os partidos apresentem seus candidatos e eles circulem pela cidade e até lá nós teremos afunilamento duas, três, quatro candidaturas que se agruparão e montarão chapas de prefeitos e vices. Eu acho que ainda é prematuro para dizer esse ou aquele partido com certeza vai ter candidato. Todos neste momento querem e desejam colocar os seus nomes. Estão colocando ideias nas entrevistas, caminhadas, nas ruas e até lá as avaliações definirão que mantém as candidaturas. Como a eleição é de dois turnos acaba estimulando que se mantenham candidaturas, mas acho que haverá afunilamento.
Tribuna - O senhor acredita que esse episódio envolvendo o ministro dos Esportes, o baiano Orlando Silva pode fragilizar a candidatura do PCdoB?
Rui Costa - Não acredito. O PCdoB é um partido de 90 anos, tem uma história na luta pelos direitos sociais, portanto é um partido reconhecido e de história reconhecida no Brasil. Eu digo sempre não é porque eventualmente – e ainda nem se tem provas – erros de alguns militantes farão com que o partido perca a credibilidade junto à opinião pública. Uma história de décadas, construída com a dedicação dos militantes, inclusive com a vida de alguns não será apagado com eventuais erros de um ou de outro. Repito: ainda não está comprovado, mas mesmo que viesse a ser comprovado isso não apagaria a imagem do partido, nem prejudicaria os nomes e a eleição do PCdoB em qualquer cidade brasileira.
Tribuna - E em relação à antecipação por 2014. No PT vence quem se viabilizar?
Rui Costa – Se eu acho muito cedo falar em 2012, imagine sobre 2014. Eu acho que não faz o menor sentido estar falando sobre 2014.
Tribuna - Mas o próprio governador Jaques Wagner citou alguns nomes em entrevista a Tribuna, que já começam a se movimentar.
Rui Costa – O que eu acho inclusive, aí é evidente que cada um de nós temos uma opinião. Eu acho que é um momento de todos nós do PT e fora do PT trabalharmos pelo sucesso do governo Wagner, pois só haverá a sucessão do governo Wagner se o povo aprovar. Essa é a regra básica. Um governo bem avaliado tem uma tendência forte de fazer o seu sucessor. Assim foi com o presidente Lula que conseguiu fazer a sucessão com a presidente Dilma porque teve um governo muito bem avaliado. Qualquer especialista, cientista político trabalha com essa regra básica. Todos aqueles que escrevem teses e artigos sobre o assunto sabem que um governo bem avaliado tem maior probabilidade de construir a sucessão, portanto eu acho que todos nós que queremos que o projeto continue este é um momento não de debater nomes, mas de cada um de nós perguntarmos qual a melhor forma de realizar seus projetos e chegar em 2014 com uma avaliação positiva. Se assim for, - e eu o que eu acredito é que o governador Jaques Wagner chegará em 2014 com uma grande aprovação ele formará uma liderança com uma forte aprovação e ele também obviamente dialogando com o PT e os outros partidos da base aliada escolherá quem ira sucedê-lo nesse projeto político. Essa é a minha opinião que tenho expressado para todos que me perguntam sobre o assunto.
Tribuna - Como vê a criação do PSD? Ele pode ocupar o lugar que era do PCdoB, sendo o braço do governo?
O PSD já nasce forte com 54 deputados federais e aqui na Bahia com onze deputados estaduais, nasce fruto também de uma aliança entre o governador e o vice-governador Otto Alencar que eu posso assegurar a vocês que é um amigo que nós fizemos, alguém que tem se esforçado muito para construir o sucesso do governo de Wagner. Não se trata de substituir esse ou aquele partido, mas acho que ele aglutina lideranças importantes em torno de um projeto que é o apoio ao governador Wagner e a presidenta Dilma, embora tenham se declarado independentes no plano nacional. Acredito que a vontade da maioria é de apoio a presidenta Dilma.
Tribuna - Acha que o nome de Otto Alencar é uma ameaça aos planos do PT na sucessão estadual?
Rui Costa – Eu acho que esse não é um momento de discutir nomes. Nenhum nome do PT ou dos outros partidos aliados são ameaças para o nosso projeto. Acho que todos os nomes do PT e que estão fora do PT são bem vindos, bem avaliados, até porque se não fossem, não seriam parceiros nossos. Acho que todos são parceiros de primeira hora e serão chamados para reflexão e para o diálogo para suceder o governador.
Tribuna - Como observa o inchaço na base do governo na Assembleia Legislativa?
Rui Costa - Eu não classificaria como inchaço, mas reconhecimento. Nós estamos vivendo um novo momento histórico no Brasil e na Bahia. Uma liderança política tem obrigatoriamente que ter sensibilidade com a realidade e com os fatos. Essas lideranças todas estão enxergando o que está acontecendo com a Bahia. Eu quando estudei na Escola Técnica só existia uma unidade na Bahia que era ali no Barbalho. Hoje nós temos 34 unidades, após essas últimas que foram anunciadas pela presidenta Dilma e que estarão prontas até 2014. A Bahia durante muitas décadas só tinha apenas uma universidade federal. Agora ao final desse período nós teremos quatro exclusivas baianas e mais a metade de uma que é a que divide Juazeiro e Petrolina. A Bahia construiu nesse período cinco novos hospitais. Então as coisas estão caminhando a passos largos, portanto, não se trata de um inchaço, mas o reconhecimento ao trabalho feito, pois as lideranças enxergam isso e querem contribuir. A oposição tem lá seu número, me parece que 18 e que vão cumprir o seu papel fazendo as críticas e é bom que assim seja, pois uma oposição atuante ajuda ao governo a enxergar os eventuais erros.
Tribuna - Há quem diga que Marcelo Nilo não nutre uma relação saudável com Cezar Lisboa. Com a experiência de quem passou pelo cargo de Lisboa, como vê isso?
Rui Costa – Eu diria que esse é um cargo muito difícil. Eu dizia isso quando estava na Secretaria e digo mais ainda hoje que estou na Câmara Federal. Todos criticam quem faz Relações Institucionais porque quem é deputado tem uma pressão muito grande de seus municípios e suas lideranças. Sempre a demanda será maior do que a capacidade de qualquer governo em responder. Um deputado que tem pleito de 50 prefeitos e cada prefeito tem cinco prioridades, então ele trabalhará com 500 demandas de suas bases e evidente se nós multiplicarmos isso pelas quantidade de deputados estaduais e federais não haverá governo capaz de responder a todas as demandas. Nesse processo de pressão e contra pressão que as lideranças fazem uma das formas de pressionar é a de criticar quem faz a articulação política, isso numa relação de negociação. Entendo isso como um processo natural. É desgastante para quem está no cargo, mas é inexorável a esta relação política, onde o parlamentar que representa desejos e vontades pressiona aquele que faz a interlocução em nome do governante do que é possível fazer ou não.
Tribuna - Como vê o excesso de quedas no governo Dilma?
Rui Costa - Eu diria que é um processo natural, onde ela (Dilma) evidente – com denúncias que aparecem há um desgaste grande com os nomes na mídia – quer ter tranquilidade para administrar o seu governo. Ela não quer gastar meses, semanas na administração de conflitos e desgastes de ministros. Usando aquele velho ditado, canja de galinha e cautela não fazem mal a ninguém. Eu sou um total defensor da total liberdade de expressão e acho que a imprensa tem que ter liberdade, inclusive para fazer o jornalismo investigativo. Mas pondero se não era o caso de haver mais cuidado na hora de expor nomes e eventuais denúncias. Eu tenho um filho de quatorze anos que está aqui ao meu lado e eu fico me perguntando como estão os filhos de Orlando Silva que vendo o seu nome achincalhado, denunciado por um policial que comprovadamente tem várias passagens criminais e ele fez uma afirmação, - fora dos outros problemas do Ministério que essas são reais de má gestão, não de corrupção, por exemplo, convênios feitos indevidamente com ongs que não tinham capacidade (isso aí é má gestão e não corrupção) de um dolo de você acusar um ministro de receber propina em uma garagem. Isso foi massificado em todos os jornais, em capas de revistas e jornais. Vale ressaltar que esse denunciante já foi a Polícia Federal, já deu depoimentos, disse que tinha provas e, no entanto, se passaram quatro semanas e ele não apresentou nenhuma prova.
Colaboraram: Fernanda Chagas e Lílian Machado (Tribuna da Bahia)
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