terça-feira, 18 de outubro de 2011

Movimento esboça defesa, mas quer diálogo com ministra

 Brasília - Em meio aos rumores que já dão como certa a fusão da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) e das Secretarias das Mulheres e de Direitos Humanos num único Ministério - medida que estaria sendo cogitada pela Presidente Dilma Rousseff para a reforma ministerial que fará em fevereiro - o Movimento Negro organizado, começou a reagir de forma articulada para fazer a defesa da SEPPIR, porém, sem vincular essa posição a gestão da atual ministra, socióloga Luiza Bairros.

O posicionamento ficou claro tanto na moção aprovada pelo Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR), na reunião preparatória para o Encontro Ibero-Americano que será promovido pela ONU, em Salvador, em novembro, realizado no último fim de semana (15 e 16/10) quanto na Carta Aberta da Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileira, que será encaminhada à Presidente da República.

Diálogo

A postura de defesa da Secretaria, que tem status de Ministério desde 2008, mas sem comprometer-se com a gestão Luiza Bairros – cujo estilo é considerado fechado e refratário ao diálogo por lideranças expressivas do Movimento Negro brasileiro - foi vocalizada com precisão por Gilberto Leal, um das mais expressivas lideranças negras da Bahia e dirigente destacado da Coordenação Nacional de Entidades Negras (CONEN), articulação de lideranças negras filiadas ou próximas ao Partido dos Trabalhadores (PT).

“Na verdade, a principal bandeira de luta que nós tivemos esse tempo todo, e agora com a ameaça da reforma ministerial anunciada pelo Planalto e já incipientemente sendo discutida, ainda que não de uma forma sistêmica no parlamento, onde já se apresentam posições de parlamentares dizendo que a máquina tem de ser enxugada e que dez ministérios tem de ser reduzidos, eu acho que a nossa luta principal é a defesa da SEPPIR enquanto uma construção que hoje é modelo para 18 países nesse contexto aqui das Américas”, afirmou.

Avaliação

Segundo Leal, contudo, a gestão Luiza Bairros “precisa se abrir para uma avaliação. “Sairam notícias notícias, e essas notícias foram oriundas de consultas a setores de Governo, não necessariamente ao movimento negro, e se essas notícias que saíram na imprensa nacional, dizendo que a administração da gestão tem debilidades, eu acho que é papel honroso para essa gestão abrir o debate dentro de um contexto da sociedade civil como um todo, mas especificamente dentro do movimento negro, para que seja feita uma avaliação”, acrescentou.

Ressalvando falar em nome pessoal, o dirigente da CONEN disse que se a Coordenação for chamada “e se houver disposição da parte da ministra”, o debate deve se abrir. “Aqui nesse encontro [Reunião Preparatória realizada em Brasília para o Encontro Íbero-Americano], na mesa de abertura alguns participantes apontaram para isso: dizendo”olha, para uma melhor performance de gestão da SEPPIR ela precisa se abrir para um pacto maior com a sociedade negra organizada. Então, isso foi assim recorrente em duas ou três falas na mesa”, sublinhou.

Papel honroso

“Que agente passe nesse momento a avaliar quais são as debilidades, evidentemente se tem avanços tem de ser elogiados, mas não dá para imaginar que você vai fazer uma avaliação sem essa abertura e sem esse interesse no diálogo. Aí, se não tem interesse no diálogo com a sociedade civil, suscita aí que não tem interesse também em mostrar seja pontos positivos ou pontos negativos e ficamos nós com dificuldade em fazer uma avaliação mais profunda sobre esse questão", afirmou.

Leal garantiu que se a CONEN for convidada para esse diálogo não deixará de estar presente. "A CONEN tem uma responsabilidade sobre a SEPPIR. A proposta de criação da SEPPIR surge com a CONEN. Eu tive a responsabilidade de fazer a primeira estrutura, o primeiro organograma da Seppir, foi feito pelas nossas mãos", finalizou.

(AFROPRESS)

Nenhum comentário:

Postar um comentário