Osvaldo Lyra
Cotado como um dos nomes fortes para o governo estadual em 2014, o líder do PSD na Bahia, vice-governador Otto Alencar, descarta a possibilidade de postulação.
Nesta entrevista à Tribuna, ele deixa claro que o Palácio de Ondina não está em seus planos e ainda alfineta aqueles que antecipam nomes. “Acho algo infantil e de um amadorismo tão grande, que aqueles que assim fazem estão se prejudicando e não se promovendo”.
Quando o assunto é o recém-criado PSD, Otto admite que o partido nasce forte na Bahia e que a tendência é crescer ainda mais. Aproveita para responder as críticas dos adversários. “Ao invés de discutirem ideias e propostas, partiram para agressão, mas isso é uma coisa que eu entendo. Perderam as eleições de 2010 e por isso estão muito magoados”.
Tribuna da Bahia - Qual o primeiro passo do PSD?
Otto Alencar - O primeiro passo agora é promover as filiações de prefeitos, vereadores, ex-prefeitos, vice-prefeitos, deputados estaduais e federais que vieram para formar este grupo que resultou na criação do partido, e nós já estamos fazendo isso porque o partido já tem todas as condições de fazer as filiações junto ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e aos diversos fóruns de cartórios eleitorais na Bahia. Já estamos trabalhando nisso, sendo que várias comissões provisórias já foram encaminhadas e outras tantas serão até o dia 07. Com isso, nós vamos ter onze deputados estaduais na Assembleia Legislativa, sendo a segunda bancada na Casa. Vamos formalizar junto ao presidente da Assembleia (Marcelo Nilo) os direitos inerentes às bancadas instaladas no poder Legislativo. Os deputados vão se reunir para indicar o líder e vice–líder e participarem ainda das comissões temáticas, como já fez o presidente da Câmara Federal, Marco Maia (PT), que já reuniu a bancada para estabelecer local da liderança, líderes, vice-líderes e a participação nas comissões. O partido vai se sustentar na Assembleia com as posições do governo Wagner, trabalhando em favor dos projetos do Estado.
Tribuna – O PSD surge com qual proposta para a Bahia?
Otto - A proposta é dar apoio a todos os projetos importantes para o desenvolvimento social e econômico do Estado. Nós apostamos no projeto político liderado pelo governador Jaques Wagner (PT), e dentro desse projeto político existem vários programas importantes, como o Água Para Todos, o Luz Para Todos, o Saúde em Movimento, os projetos de infraestrutura – vale lembrar que o governador lançou ontem a ponte Salvador-Itaparica – essa nova posição de desenvolvimento do semiárido, com a instalação dos parques eólicos, que chamo de pré-sal do sertão, e todos os projetos que tiverem aí dentro da filosofia política do governo.
Tribuna – Incomodam as críticas de que o PSD nasce como partido adesista?
Otto - Não incomodam, até porque essas críticas vêm dos adversários. Toda crítica do adversário, você sabe, como eu sei e como o povo também sabe, é sempre suspeita porque vem do adversário. Alguns partidos perderam quadros políticos importantes na Bahia e no Brasil e reagiram dessa forma. Ao invés de discutirem ideias e propostas, eles partiram para agressão, mas isso é uma coisa que eu entendo perfeitamente. Esses políticos perderam as eleições de 2010 e por isso estão muito magoados e ressentidos com isso. Chegaram ao ponto até de terem ódio da gente e eu os aconselharia a acabarem com isso, pois faz mal à saúde guardar ressentimentos e ódio. Na política, você tem que saber ganhar e perder.
Tribuna – Aparentemente, esse ódio começa a ser dissipado a partir do momento em que lideranças do DEM e do PMDB já admitem a possibilidade de alianças com o PSD no interior do Estado. Existe realmente essa possibilidade, já que até bem pouco tempo o clima era de troca de hostilidades?
Otto - Não é por causa das hostilidades, até mesmo porque tenho induzido em todos os membros do partido de que não devemos guardar ódio. Não é por isso, mas o PSD fará alianças no interior com os partidos da base do governador Jaques Wagner. Não que eu não reconheça quadros capazes na oposição - existem quadros qualificados na oposição -, mas deixo clara a minha posição que é a de fazer aliança com os partidos que dão apoio e são da base de sustentação ao governo Wagner.
Tribuna - Já existe a expectativa de que o partido cresça nas próximas eleições? Quais seriam as apostas? Como o senhor observa a participação em 2012?
Otto – Claro que nascemos com uma estrutura forte, sendo a segunda maior bancada na Assembleia Legislativa, e devemos crescer muito até o dia 07. Vamos trabalhar para consolidar esse crescimento nas eleições, mostrar que o PSD vai ter uma participação política importante de agora por diante com o destino dos baianos, sintonizado com os baianos.
Tribuna – Existe alguma aposta sobre como será nas cidades e quais os nomes fortes para 2012?
Otto – Tem várias, mas eu prefiro não me antecipar. Não costumo me antecipar à hora certa. Acho que em política só se toma decisão quando o momento exige. Estamos trabalhando, mas na hora certa esses nomes virão. Plagiando o presidente Lula, ele diz que nunca na história do Brasil, nesse caso da Bahia, se antecipou tantas candidaturas a prefeito e até mesmo a governador, o que eu acho uma coisa infantil, sendo um amadorismo tão grande, que aqueles que assim fazem estão se prejudicando e não se promovendo. Eu diria até que nesse caso falta um pouco de inteligência política.
Tribuna - Como será a participação do PSD em 2012, em Salvador?
Otto – Aqui em Salvador nós temos uma comissão provisória que já está sendo instalada e será presidida pelo deputado estadual Alan Sanches, que teve aqui 33 mil votos. Nós estamos filiando alguns políticos e pretendentes a candidatos de vereador em 2012, e o Alan irá discutir comigo e eu discutirei com o governador e os partidos aliados aquele que terá o apoio para ser o candidato do governo para disputar as eleições municipais de Salvador. Claro que quem teve 33 mil votos vai ter que ser pelo menos ouvido e participar dessa luta política que vai acontecer no próximo ano. Mas, como eu falei antes, tanto o Alan quanto eu não vamos cometer esse equívoco político de estar agora dizendo que é candidato a isso ou aquilo. Nós vamos marchar aqui em Salvador com o candidato do governador Jaques Wagner.
Tribuna - Alan Sanches, por ter sido um dos deputados mais bem votados em Salvador, poderia ser alçado à condição de vice do deputado Nelson Pelegrino (PT)?
Otto – Vou repetir: - Acho que é muito cedo para ficar se especulando isso. O que eu falei é que conheço o deputado federal Nelson Pelegrino, ele tem história política, tem currículo suficiente e tem conhecimento das questões de Salvador para pleitear ser prefeito da cidade. Dentro do Partido dos Trabalhadores, ele já foi anunciado como o nome para as eleições, assim como outros partidos da base também já anunciaram seus nomes. Creio que o PSD vai ser ouvido e nós vamos sentar com os pretendentes. Eu acredito que o governador vai também coordenar isso. Ele é um democrata e vai buscar até o limite que ele possa a ideia de candidatura única dos partidos que o apoiam, mas se algum quiser mesmo ser candidato, ele não vai impedir, - como aconteceu nas eleições de 2008. O bom na política é que cada político procurasse observar seu tamanho, a altura do seu voo, qual seu potencial para não querer correr um páreo e se cansar no meio do caminho.
Tribuna - Então, pelo tamanho do PSD, o partido terá uma influência grande nas eleições do ano que vem em Salvador?
Otto – Eu creio que sim porque vamos ter muitos candidatos a vereador, o próprio Alan teve essa votação, ele gosta de Salvador, faz política em Salvador e certamente ele e nós do PSD seremos ouvidos. Agora, tudo sem precipitação, sem nenhum tipo de ansiedade, sem ser dessa maneira como eu estou vendo aí as pessoas com obsessão pelo cargo de prefeito. Não deve haver essa obsessão porque as coisas acontecem naturalmente. Você tem que procurar se autoavaliar, saber até onde você pode ir. Não adianta sonhar um sonho impossível. Muitos sonham um sonho impossível e levam a população a acompanhar e as pessoas veem depois que as coisas não ocorreram da forma esperada.
Tribuna - A Tribuna contabilizou pelo menos 24 novos prefeitos no PSD. Já é possível falar em números?
Otto – Tem muitos prefeitos que já se manifestaram a apoiar e disputar as eleições de 2012 pelo PSD. Vou dizer alguns prefeitos de grandes cidades, a exemplo de Barreiras, a prefeita Jusmari Oliveira vai se filiar ao PSD no dia 05, com a minha presença lá. O prefeito Eduardo Alencar de Simões Filho vai para o PSD. No nordeste, a prefeita de Euclides da Cunha, o prefeito de Jeremoabo, o prefeito de Sátiro Dias, de Ribeira do Pombal, de Milagres também vão para o PSD. Vamos disputar em grandes cidades como Porto Seguro, em Teixeira de Freitas com o deputado estadual Temóteo Brito; em Campo Formoso é provável que o deputado estadual Adolfo Menezes ou alguém apoiado por ele dispute a eleição. São 417 municípios e eu estou citando alguns, mas eu poderia estar citando um grande número de prefeitos que vão para o nosso partido. Na Chapada Diamantina também são muitos prefeitos. Ontem mesmo estive em Macaúbas, estive em Ibipitanga trabalhando e visitando a recuperação de estradas e tinha um grande número de prefeitos. O prefeito de Parimirim que é do PMDB também vai para o PSD.
Tribuna - O PSD chega como a segunda bancada na Assembleia. Isso pode resultar em ciúmes dos aliados?
Otto - Não. Acho que não, de maneira nenhuma. Até porque não vamos pra lá para ocupar espaços, pois esses espaços já estavam ocupados pelos deputados. Cada um desses deputados que vieram a formar o PSD já têm os seus espaços na Casa. Eles vão só ficar em um grupo que terá uma liderança, tendo participação nas comissões.
Tribuna - Comenta-se que há interesse de o PSD inviabilizar um quarto mandato do deputado Marcelo Nilo na presidência da Assembleia Legislativa. O PSD já teria cacife para entrar na briga?
Otto - Isso não é verdade. Isso é uma fofoca que eu já ouvi algumas vezes. Eu já vi isso algumas vezes, de quererem me intrigar com o Marcelo Nilo. A Assembleia tem 63 deputados, pode ser que todos pensem de uma forma ou não, e isso eles vão decidir lá na frente. Todas as vezes que Marcelo Nilo foi candidato a presidente, meus amigos que estão lá o apoiaram. Todos os meus amigos que me seguem politicamente e que estão lá votaram três vezes em Marcelo Nilo. Eu acho que ele deve reconhecer esse apoio que dei e com isso não vai acreditar em quem está querendo fazer intriga entre mim e ele. Eu quando terminei meu período de presidente em fevereiro de 2007, o deputado Luiz de Deus e vários deputados da base de sustentação à época do governo Paulo Souto fizeram um abaixo-assinado pedindo para eu continuar presidente. Eu poderia fazer a emenda da reeleição e seria aprovada. Havia quase uma unanimidade para que eu continuasse presidente, com o apoio também da oposição, e eu não aceitei a reeleição. Do ponto de vista da minha consciência, do que eu penso, sou contra a reeleição em todos os níveis. Se eu estivesse na Câmara Federal quando foi aprovada a reeleição de Fernando Henrique Cardoso (ex-presidente), mesmo se meu partido estivesse votando a favor, eu votaria contra. Eu acho inclusive que deveria deixar de existir reeleição em todos os níveis. Acho que deve existir um mandato de cinco anos para o Executivo, pra prefeito, governador, e fazer coincidir essas eleições. Essa é uma bandeira também do PSD. O Brasil não suporta mais uma eleição de dois em dois anos, pois os custos são muito altos. Estamos ouvindo agora falar em financiamento público de campanha, e eu sou contra. Eu sou a favor de uma eleição a cada cinco anos. O povo está pagando eleição de dois em dois anos, e isso é muito caro para os estados e municípios.
Tribuna – A expectativa de Marcelo Nilo em ter um quarto mandato o projeta ainda mais para uma eleição ao governo do Estado?
Otto – Acho que não porque essa questão está muito distante, além do mais essa é uma coisa que será decidida pelos deputados. Eu dou minha opinião, mas a Assembleia é quem vai decidir isso. Acho que poderá ou não poderá. Eu estava no Tribunal de Contas até março de 2010 e de repente voltei à política e hoje sou vice-governador. As coisas acontecem por alguns motivos na vida pública e com o político. Acontecem pelo trabalho, pela militância, pela inteligência, pela capacidade e pelo carisma, e isso aí são virtudes que, a depender do grau, podem levar a vereador, prefeito, deputado estadual, federal, entre outros. Dizem que ser presidente da República é destino, acho que ser governador também é destino. Se o destino traçar isso para a vida do Marcelo, tudo bem.
Tribuna - O seu nome está sendo ventilado como sucessor natural do governador Jaques Wagner até mesmo por alguns petistas. O senhor deve ir para a disputa?
Otto – Eu já conversei com vários políticos, inclusive com o próprio governador, e eu disse que ele não contará comigo para disputar as eleições de 2014. Eu não sou candidato, nem tenho a menor pretensão de ser candidato a governador em 2014. Isso é uma coisa que eu já falei. As pessoas às vezes não acreditam, mas eu estou dizendo o que é verdade: - Eu não sou candidato ao governo em 2014.
Tribuna – E se o senhor estiver como governador interino?
Otto – Aí eles vão ter que escolher um candidato. Até porque o governador pode ir até o final do governo, isso é perfeitamente natural, como outros governadores já fizeram. Pode haver o que aconteceu na Assembleia em 1994 que se escolheu um deputado para fazer a transição e eu seguiria como vice até o fim. Em 94, Imbassahy (deputado federal) foi eleito dentro da Assembleia Legislativa e fez a transição do governo. Foi eleito em 94 Paulo Souto com o apoio de Imbassahy e esse fazendo a transição. Antonio Carlos (Magalhães) foi eleito ao Senado e Waldeck Ornelas também. O governador pode se afastar para ser candidato a alguma coisa que ele desejar e eu posso fazer a transição. Se for fazer a transição, pode ter certeza que será um nome escolhido pelos partidos da base do governo, comandados pelo governador Jaques Wagner. Parece que é um destino em minha vida. Eu disse em 2002 que faria isso e agora estou dizendo a mesma coisa. Na minha história política e na minha família nós temos a tradição de dar a palavra e cumprir a palavra.
Tribuna – O senhor acha que é essa sua postura que mais o aproxima do governador Jaques Wagner nesse processo de construção diária?
Otto – Não. Acho que o que mais nos aproxima é a confiança que temos um no outro. Eu confio muito no que o governador fala e ele confia muito em meu trabalho. Como no grupo político que participei eu também sempre tive a confiança de todos. Nenhum político vai se surpreender comigo porque o que eu costumo combinar eu procuro cumprir. Eu não serei uma surpresa desagradável para ninguém.
Colaborou: Fernanda Chagas e Lilian Machado. (Tribuna da Bahia)
Nesta entrevista à Tribuna, ele deixa claro que o Palácio de Ondina não está em seus planos e ainda alfineta aqueles que antecipam nomes. “Acho algo infantil e de um amadorismo tão grande, que aqueles que assim fazem estão se prejudicando e não se promovendo”.
Quando o assunto é o recém-criado PSD, Otto admite que o partido nasce forte na Bahia e que a tendência é crescer ainda mais. Aproveita para responder as críticas dos adversários. “Ao invés de discutirem ideias e propostas, partiram para agressão, mas isso é uma coisa que eu entendo. Perderam as eleições de 2010 e por isso estão muito magoados”.
Tribuna da Bahia - Qual o primeiro passo do PSD?
Otto Alencar - O primeiro passo agora é promover as filiações de prefeitos, vereadores, ex-prefeitos, vice-prefeitos, deputados estaduais e federais que vieram para formar este grupo que resultou na criação do partido, e nós já estamos fazendo isso porque o partido já tem todas as condições de fazer as filiações junto ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e aos diversos fóruns de cartórios eleitorais na Bahia. Já estamos trabalhando nisso, sendo que várias comissões provisórias já foram encaminhadas e outras tantas serão até o dia 07. Com isso, nós vamos ter onze deputados estaduais na Assembleia Legislativa, sendo a segunda bancada na Casa. Vamos formalizar junto ao presidente da Assembleia (Marcelo Nilo) os direitos inerentes às bancadas instaladas no poder Legislativo. Os deputados vão se reunir para indicar o líder e vice–líder e participarem ainda das comissões temáticas, como já fez o presidente da Câmara Federal, Marco Maia (PT), que já reuniu a bancada para estabelecer local da liderança, líderes, vice-líderes e a participação nas comissões. O partido vai se sustentar na Assembleia com as posições do governo Wagner, trabalhando em favor dos projetos do Estado.
Tribuna – O PSD surge com qual proposta para a Bahia?
Otto - A proposta é dar apoio a todos os projetos importantes para o desenvolvimento social e econômico do Estado. Nós apostamos no projeto político liderado pelo governador Jaques Wagner (PT), e dentro desse projeto político existem vários programas importantes, como o Água Para Todos, o Luz Para Todos, o Saúde em Movimento, os projetos de infraestrutura – vale lembrar que o governador lançou ontem a ponte Salvador-Itaparica – essa nova posição de desenvolvimento do semiárido, com a instalação dos parques eólicos, que chamo de pré-sal do sertão, e todos os projetos que tiverem aí dentro da filosofia política do governo.
Tribuna – Incomodam as críticas de que o PSD nasce como partido adesista?
Otto - Não incomodam, até porque essas críticas vêm dos adversários. Toda crítica do adversário, você sabe, como eu sei e como o povo também sabe, é sempre suspeita porque vem do adversário. Alguns partidos perderam quadros políticos importantes na Bahia e no Brasil e reagiram dessa forma. Ao invés de discutirem ideias e propostas, eles partiram para agressão, mas isso é uma coisa que eu entendo perfeitamente. Esses políticos perderam as eleições de 2010 e por isso estão muito magoados e ressentidos com isso. Chegaram ao ponto até de terem ódio da gente e eu os aconselharia a acabarem com isso, pois faz mal à saúde guardar ressentimentos e ódio. Na política, você tem que saber ganhar e perder.
Tribuna – Aparentemente, esse ódio começa a ser dissipado a partir do momento em que lideranças do DEM e do PMDB já admitem a possibilidade de alianças com o PSD no interior do Estado. Existe realmente essa possibilidade, já que até bem pouco tempo o clima era de troca de hostilidades?
Otto - Não é por causa das hostilidades, até mesmo porque tenho induzido em todos os membros do partido de que não devemos guardar ódio. Não é por isso, mas o PSD fará alianças no interior com os partidos da base do governador Jaques Wagner. Não que eu não reconheça quadros capazes na oposição - existem quadros qualificados na oposição -, mas deixo clara a minha posição que é a de fazer aliança com os partidos que dão apoio e são da base de sustentação ao governo Wagner.
Tribuna - Já existe a expectativa de que o partido cresça nas próximas eleições? Quais seriam as apostas? Como o senhor observa a participação em 2012?
Otto – Claro que nascemos com uma estrutura forte, sendo a segunda maior bancada na Assembleia Legislativa, e devemos crescer muito até o dia 07. Vamos trabalhar para consolidar esse crescimento nas eleições, mostrar que o PSD vai ter uma participação política importante de agora por diante com o destino dos baianos, sintonizado com os baianos.
Tribuna – Existe alguma aposta sobre como será nas cidades e quais os nomes fortes para 2012?
Otto – Tem várias, mas eu prefiro não me antecipar. Não costumo me antecipar à hora certa. Acho que em política só se toma decisão quando o momento exige. Estamos trabalhando, mas na hora certa esses nomes virão. Plagiando o presidente Lula, ele diz que nunca na história do Brasil, nesse caso da Bahia, se antecipou tantas candidaturas a prefeito e até mesmo a governador, o que eu acho uma coisa infantil, sendo um amadorismo tão grande, que aqueles que assim fazem estão se prejudicando e não se promovendo. Eu diria até que nesse caso falta um pouco de inteligência política.
Tribuna - Como será a participação do PSD em 2012, em Salvador?
Otto – Aqui em Salvador nós temos uma comissão provisória que já está sendo instalada e será presidida pelo deputado estadual Alan Sanches, que teve aqui 33 mil votos. Nós estamos filiando alguns políticos e pretendentes a candidatos de vereador em 2012, e o Alan irá discutir comigo e eu discutirei com o governador e os partidos aliados aquele que terá o apoio para ser o candidato do governo para disputar as eleições municipais de Salvador. Claro que quem teve 33 mil votos vai ter que ser pelo menos ouvido e participar dessa luta política que vai acontecer no próximo ano. Mas, como eu falei antes, tanto o Alan quanto eu não vamos cometer esse equívoco político de estar agora dizendo que é candidato a isso ou aquilo. Nós vamos marchar aqui em Salvador com o candidato do governador Jaques Wagner.
Tribuna - Alan Sanches, por ter sido um dos deputados mais bem votados em Salvador, poderia ser alçado à condição de vice do deputado Nelson Pelegrino (PT)?
Otto – Vou repetir: - Acho que é muito cedo para ficar se especulando isso. O que eu falei é que conheço o deputado federal Nelson Pelegrino, ele tem história política, tem currículo suficiente e tem conhecimento das questões de Salvador para pleitear ser prefeito da cidade. Dentro do Partido dos Trabalhadores, ele já foi anunciado como o nome para as eleições, assim como outros partidos da base também já anunciaram seus nomes. Creio que o PSD vai ser ouvido e nós vamos sentar com os pretendentes. Eu acredito que o governador vai também coordenar isso. Ele é um democrata e vai buscar até o limite que ele possa a ideia de candidatura única dos partidos que o apoiam, mas se algum quiser mesmo ser candidato, ele não vai impedir, - como aconteceu nas eleições de 2008. O bom na política é que cada político procurasse observar seu tamanho, a altura do seu voo, qual seu potencial para não querer correr um páreo e se cansar no meio do caminho.
Tribuna - Então, pelo tamanho do PSD, o partido terá uma influência grande nas eleições do ano que vem em Salvador?
Otto – Eu creio que sim porque vamos ter muitos candidatos a vereador, o próprio Alan teve essa votação, ele gosta de Salvador, faz política em Salvador e certamente ele e nós do PSD seremos ouvidos. Agora, tudo sem precipitação, sem nenhum tipo de ansiedade, sem ser dessa maneira como eu estou vendo aí as pessoas com obsessão pelo cargo de prefeito. Não deve haver essa obsessão porque as coisas acontecem naturalmente. Você tem que procurar se autoavaliar, saber até onde você pode ir. Não adianta sonhar um sonho impossível. Muitos sonham um sonho impossível e levam a população a acompanhar e as pessoas veem depois que as coisas não ocorreram da forma esperada.
Tribuna - A Tribuna contabilizou pelo menos 24 novos prefeitos no PSD. Já é possível falar em números?
Otto – Tem muitos prefeitos que já se manifestaram a apoiar e disputar as eleições de 2012 pelo PSD. Vou dizer alguns prefeitos de grandes cidades, a exemplo de Barreiras, a prefeita Jusmari Oliveira vai se filiar ao PSD no dia 05, com a minha presença lá. O prefeito Eduardo Alencar de Simões Filho vai para o PSD. No nordeste, a prefeita de Euclides da Cunha, o prefeito de Jeremoabo, o prefeito de Sátiro Dias, de Ribeira do Pombal, de Milagres também vão para o PSD. Vamos disputar em grandes cidades como Porto Seguro, em Teixeira de Freitas com o deputado estadual Temóteo Brito; em Campo Formoso é provável que o deputado estadual Adolfo Menezes ou alguém apoiado por ele dispute a eleição. São 417 municípios e eu estou citando alguns, mas eu poderia estar citando um grande número de prefeitos que vão para o nosso partido. Na Chapada Diamantina também são muitos prefeitos. Ontem mesmo estive em Macaúbas, estive em Ibipitanga trabalhando e visitando a recuperação de estradas e tinha um grande número de prefeitos. O prefeito de Parimirim que é do PMDB também vai para o PSD.
Tribuna - O PSD chega como a segunda bancada na Assembleia. Isso pode resultar em ciúmes dos aliados?
Otto - Não. Acho que não, de maneira nenhuma. Até porque não vamos pra lá para ocupar espaços, pois esses espaços já estavam ocupados pelos deputados. Cada um desses deputados que vieram a formar o PSD já têm os seus espaços na Casa. Eles vão só ficar em um grupo que terá uma liderança, tendo participação nas comissões.
Tribuna - Comenta-se que há interesse de o PSD inviabilizar um quarto mandato do deputado Marcelo Nilo na presidência da Assembleia Legislativa. O PSD já teria cacife para entrar na briga?
Otto - Isso não é verdade. Isso é uma fofoca que eu já ouvi algumas vezes. Eu já vi isso algumas vezes, de quererem me intrigar com o Marcelo Nilo. A Assembleia tem 63 deputados, pode ser que todos pensem de uma forma ou não, e isso eles vão decidir lá na frente. Todas as vezes que Marcelo Nilo foi candidato a presidente, meus amigos que estão lá o apoiaram. Todos os meus amigos que me seguem politicamente e que estão lá votaram três vezes em Marcelo Nilo. Eu acho que ele deve reconhecer esse apoio que dei e com isso não vai acreditar em quem está querendo fazer intriga entre mim e ele. Eu quando terminei meu período de presidente em fevereiro de 2007, o deputado Luiz de Deus e vários deputados da base de sustentação à época do governo Paulo Souto fizeram um abaixo-assinado pedindo para eu continuar presidente. Eu poderia fazer a emenda da reeleição e seria aprovada. Havia quase uma unanimidade para que eu continuasse presidente, com o apoio também da oposição, e eu não aceitei a reeleição. Do ponto de vista da minha consciência, do que eu penso, sou contra a reeleição em todos os níveis. Se eu estivesse na Câmara Federal quando foi aprovada a reeleição de Fernando Henrique Cardoso (ex-presidente), mesmo se meu partido estivesse votando a favor, eu votaria contra. Eu acho inclusive que deveria deixar de existir reeleição em todos os níveis. Acho que deve existir um mandato de cinco anos para o Executivo, pra prefeito, governador, e fazer coincidir essas eleições. Essa é uma bandeira também do PSD. O Brasil não suporta mais uma eleição de dois em dois anos, pois os custos são muito altos. Estamos ouvindo agora falar em financiamento público de campanha, e eu sou contra. Eu sou a favor de uma eleição a cada cinco anos. O povo está pagando eleição de dois em dois anos, e isso é muito caro para os estados e municípios.
Tribuna – A expectativa de Marcelo Nilo em ter um quarto mandato o projeta ainda mais para uma eleição ao governo do Estado?
Otto – Acho que não porque essa questão está muito distante, além do mais essa é uma coisa que será decidida pelos deputados. Eu dou minha opinião, mas a Assembleia é quem vai decidir isso. Acho que poderá ou não poderá. Eu estava no Tribunal de Contas até março de 2010 e de repente voltei à política e hoje sou vice-governador. As coisas acontecem por alguns motivos na vida pública e com o político. Acontecem pelo trabalho, pela militância, pela inteligência, pela capacidade e pelo carisma, e isso aí são virtudes que, a depender do grau, podem levar a vereador, prefeito, deputado estadual, federal, entre outros. Dizem que ser presidente da República é destino, acho que ser governador também é destino. Se o destino traçar isso para a vida do Marcelo, tudo bem.
Tribuna - O seu nome está sendo ventilado como sucessor natural do governador Jaques Wagner até mesmo por alguns petistas. O senhor deve ir para a disputa?
Otto – Eu já conversei com vários políticos, inclusive com o próprio governador, e eu disse que ele não contará comigo para disputar as eleições de 2014. Eu não sou candidato, nem tenho a menor pretensão de ser candidato a governador em 2014. Isso é uma coisa que eu já falei. As pessoas às vezes não acreditam, mas eu estou dizendo o que é verdade: - Eu não sou candidato ao governo em 2014.
Tribuna – E se o senhor estiver como governador interino?
Otto – Aí eles vão ter que escolher um candidato. Até porque o governador pode ir até o final do governo, isso é perfeitamente natural, como outros governadores já fizeram. Pode haver o que aconteceu na Assembleia em 1994 que se escolheu um deputado para fazer a transição e eu seguiria como vice até o fim. Em 94, Imbassahy (deputado federal) foi eleito dentro da Assembleia Legislativa e fez a transição do governo. Foi eleito em 94 Paulo Souto com o apoio de Imbassahy e esse fazendo a transição. Antonio Carlos (Magalhães) foi eleito ao Senado e Waldeck Ornelas também. O governador pode se afastar para ser candidato a alguma coisa que ele desejar e eu posso fazer a transição. Se for fazer a transição, pode ter certeza que será um nome escolhido pelos partidos da base do governo, comandados pelo governador Jaques Wagner. Parece que é um destino em minha vida. Eu disse em 2002 que faria isso e agora estou dizendo a mesma coisa. Na minha história política e na minha família nós temos a tradição de dar a palavra e cumprir a palavra.
Tribuna – O senhor acha que é essa sua postura que mais o aproxima do governador Jaques Wagner nesse processo de construção diária?
Otto – Não. Acho que o que mais nos aproxima é a confiança que temos um no outro. Eu confio muito no que o governador fala e ele confia muito em meu trabalho. Como no grupo político que participei eu também sempre tive a confiança de todos. Nenhum político vai se surpreender comigo porque o que eu costumo combinar eu procuro cumprir. Eu não serei uma surpresa desagradável para ninguém.
Colaborou: Fernanda Chagas e Lilian Machado. (Tribuna da Bahia)
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