quarta-feira, 14 de setembro de 2011

A pior professora do Brasil vale mais que Neymar

Neymar não merece o que vale


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Neymar e Gisele Bündchen/ Foto Montagem


A maior revelação do futebol brasileiro dos últimos anos, Neymar, será vendido pelo Santos ao Real Madrid.
Segundo quem viu o contrato, vai ganhar oito milhões de euros por ano só de salário, fora eventuais premiações e patrocínios. Não merece.
Nenhum destes superstars do esporte merece o que ganha. Nem os grandes astros da música, da TV e cinema, de qualquer área - e por que não, nas empresas. Merecer é diferente de valer.
Uma coisa vale exatamente o quanto alguém está disposto a pagar por ela. Faça sentido ou não. Se o Real Madrid topa desembolsar essa grana toda para Neymar  -  em dinheiro pátrio, mais de dezoito milhões de reais -  é porque alguém ali acredita que o time vai ter lucro com o investimento.
Se um doido resolver pagar um milhão pela lata velha que você tem na garagem, é isso que vale, mesmo que o bom senso e a tabela da Fipe ditem o contrário.
Merecimento é outro departamento. O que é um atleta ou um ator de novela? Um palhaço de circo glorificado, cuja função é nos distrair das chateações da vida.
O que é o super-executivo contratado a peso de ouro para a presidência da multinacional? Uma peça cara da engrenagem, e se bem ou mal-sucedido, é 90% obra do acaso e das circunstâncias. Os 10% fazem diferença, claro.
Vale o investimento? Talvez. Merece salário cem vezes maior que o da enfermeira que labuta no SUS? Não. Os super-astros dos diversos setores têm certeza de que merecem todas as exageradas benesses que lhes são ofertadas.
Autoengano faz parte das atividades do cérebro humano. É nossa natureza. Eu também acredito que mereço tudo de bom que já me aconteceu, e nada das pentelhações. Mas a verdade é que não há nada de natural na maneira como somos remunerados.
Não foi sempre assim, não precisa ser, e não é igual em todo lugar do mudo. Nos convencemos que são inevitáveis os salários magros que pagamos para professores, pesquisadores, cientistas, enfermeiras, policiais e companhia, que são bem mais necessários que Justin Bieber, Gisele ou Neymar.
O discurso que sustenta este estado de coisas é: os astros valem quanto pesam; já os professores mereceriam ganhar melhor, mas infelizmente não há dinheiro. É mentira. E o verbo está errado. A pior professora do Brasil vale mais que Neymar.

(Fonte Blog de André Forastieri - R7 / Fotos: Divulgação e Julia Chequer/ R7)

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